Medicina como ciência e como arte
Muito se fala sobre a importância da jornada do paciente e da medicina humanizada para o sucesso do tratamento, mas poucos se aventuram para além da teoria e das frases feitas. Este livro mostra a que veio e deixa evidente sua principal diferença em relação às publicações do gênero a partir do próprio título, Três mulheres: o câncer de mama e a luta pela vida.
Não faltam informações detalhadas sobre as últimas descobertas e tratamentos, como o uso da inteligência artificial para a leitura de imagens ou a terapia gênica, mas o protagonismo é mesmo de três mulheres, Julia, Renata e Alessandra.
Sem fugir de temas indigestos, como cuidados paliativos exclusivos, terapia fútil ou o impacto do tratamento na vida sexual, o livro aborda os bastidores da luta contra o câncer. Fala da importância de uma equipe multidisciplinar, do apoio da família e dos colegas de trabalho e, claro, da relação médico-paciente.
Com uma longa experiência tanto em hospitais públicos quanto privados, a dra. Marcela Simonis Martins Ferrari criou, junto com o dr. Claudio Luiz Seabra Ferrari, personagens fictícias, inspiradas em inúmeras pacientes que já atendeu.
Por meio das histórias, acompanhamos o susto da descoberta, o passo a passo do diagnóstico, o tratamento e o desfecho de cada caso. A angústia da pesquisa sobre a doença na internet, a espera pelo atendimento no serviço público, o medo do diagnóstico, as dificuldades de conciliar as tarefas de mãe pobre e solo com o tratamento, a decisão de congelar ou não os óvulos ou de participar ou não de um estudo clínico... Tudo é contado com uma riqueza de detalhes que nos faz entrar na pele e mergulhar na jornada de cada uma dessas mulheres.
Informação protege. É um importante apoio para combater o medo e facilita a tomada de decisões. Nem todas as pacientes têm a sorte de Julia, Renata e Alessandra de encontrar médicos preparados e centros de excelência.
Daí, a extrema relevância desta publicação.
Ciência, cuidado e empatia aparecem entrelaçados no texto que aborda o câncer de mama de uma forma que nunca tinha visto antes. Com uma linguagem acessível e clara, o livro mostra, na prática, o que é uma medicina de fato humanizada e o seu impacto transformador na vida e na jornada do paciente.
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ANDRÉIA PERES
JORNALISTA, DIRETORA DA CROSS CONTENT COMUNICAÇÃO E COLUNISTA DA VEJA